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terça-feira, 29 de abril de 2014

A propaganda de guerra que surge em 1914

A propaganda de guerra foi uma forma muito utilizada pelas nações beligerantes durante a I Guerra Mundial: a intenção era convocar os cidadãos, já imbuídos dos seus "deveres com a pátria", a participarem do conflito. Também pretendia pedir o auxilio daqueles que não iriam para o campo de batalha - mulheres e crianças - a apoiarem os homens e a trabalharem durante as suas ausências. Ridicularizava também os adversários de guerra, vistos de forma negativa nas propagandas. Enfim, a propaganda buscava, a partir das suas técnicas de persuasão, chamar a "nação" para a guerra.

Vejamos alguns casos:



 ESTADOS UNIDOS
O Tio Sam convoca para a guerra


Mulheres, querem fazer parte da vitória?

Uso de imagens familiares para comover e apoiar os soldados

FRANÇA

Soldado francês esguela a Águia alemã

Uso da bandeira tricolor para chamar os jovens para prestar serviço militar

INGLATERRA

Mulheres britânicas, digam: vá!

Uso da paisagem para dizer ao soldado que ele tem que lutar para defendê-la

A origem do Tio Sam

ALEMANHA

Soldado alemão subjuga o russo, o francês e chuta um americano

Uso de referências mitológicas germânicas para defender que os alemães devem defender a sua "história".



Um bom site com  outros cartazes e muitos outros documentos da Primeira Guerra (em inglês) é o:  http://www.firstworldwar.com/posters/

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Cinema: Chaplin e a industrialização

Considerado um dos melhores filmes de Charles Chaplin, Tempos Modernos (The Modern Times, Charles Chaplin, 1936, EUA) apresenta uma crítica social bastante forte contra o sistema capitalista-industrial e a forma como este trata aqueles que lhe servem como força de trabalho: o operário.
O filme traz à tona questões como a disciplinarização do trabalho, com o controle do tempo do trabalhador; a alienação e a divisão de tarefas, caracterizadas pela forma como a produção era disposta: cada funcionário era responsável por um setor da fábrica; a precarização da vida dos empregados.
A identificação de Chaplin com a esquerda - que aparece no filme - ajuda a entender a preocupação social presente nesta película. Apesar de ser um filme de 1936, queiramos ou não, ainda é extremamente atual. Tais elementos estão ainda presentes de uma forma ou outra nos nossos cotidianos.

Abaixo, o filme na íntegra.

Divirtam-se!

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Invenções da Primeira Guerra

Essa interessante notícia da BBC dá conta das invenções ou adaptações surgidas no decorrer da Primeira Guerra. Nota-se para detalhes como o surgimento de alimentos para amenizar a fome de locais bloqueados por forças inimigas ou mesmo de questões práticas como as vestimentas e a popularização dos relógios de pulso. Assim como o desenvolvimento de tecnologias voltadas para a guerra num primeiro momento, mas que depois seriam adaptados para a vida das pessoas comuns em tempos de paz.


aço inoxidável












O zíper e outras invenções popularizadas graças à Primeira Guerra Mundial

Atualizado em  20 de abril, 2014 - 12:51 (Brasília) 15:51 GMT
Mosaico (BBC)
O sofrimento e os desafios gerados pela Primeira Guerra Mundial levaram a população a criar soluções que, mais tarde, viriam a beneficiar a humanidade. Cem anos após o início da guerra, conheça algumas das invenções que resultaram de um conflito em que, estima-se, 16 milhões perderam suas vidas e outros 21 milhões ficaram feridos.

Absorventes Íntimos

Antes de estourar a Primeira Guerra, uma pequena empresa americana registrou sob sua marca um material conhecido como Cellucotton. A substância, composta pela polpa da celulose da madeira (usada na fabricação de papel), era cinco vezes mais absorvente do que o algodão e custava a metade do preço.
Em 1917, quando os Estados Unidos entraram na guerra, a empresa - Kimberly-Clark - passou a empregar o material na fabricação, em grande escala, de enchimento para curativos cirúrgicos.
Enfermeiras da Cruz Vermelha trabalhando nos campos de batalha logo se deram conta da utilidade do produto na higiene íntima. Esse uso adicional do produto acabaria, anos mais tarde, alterando o destino da pequena firma americana.
Em 1920, menos de dois anos após o final da guerra, chegou às lojas americanas o primeiro absorvente íntimo da história, batizado de Kotex (junção das palavras inglesascotton, algodão, e texture, textura).

Lenços de Papel

Vender absorventes íntimos não era fácil, porque as mulheres ficavam constrangidas em comprar o produto de vendedores homens. As vendas aumentavam aos poucos, mas a empresa continuava a buscar outras utilidades para o material.
No início da década de 1920, um pesquisador teve a ideia de passar a polpa de celulose a ferro, para produzier um tecido macio e absorvente. Depois de alguns experimentos, o lenço de papel Kleenex foi lançado, em 1924.

Banhos de Luz Artificial

Segundo estimativas, no inverno de 1918, metade das crianças na cidade de Berlim, Alemanha, sofriam de raquitismo. Naquele tempo, não se conheciam as causas da enfermidade - os ossos de pessoas com raquitismo perdem a dureza e tornam-se deformados e quebradiços - mas acreditava-se que estava associada à pobreza.
Um médico de Berlim, Kurt Huldschinsky, notou que os pacientes estavam muito pálidos. E decidiu fazer um experimento com quatro deles: colocou-os sob lâmpadas que emitiam luz ultravioleta.
À medida que os banhos de luz se repetiam, o médico notava que os ossos dos pacientes se fortaleciam. Em maio de 1919, quando o verão chegou, os pacientes passaram a tomar banhos de sol no terraço do hospital.
Quando os resultados do experimento foram publicados, foram recebidos com entusiasmo. Na cidade de Dresden, as autoridades retiraram as luzes das ruas para tratar as crianças.
Tempos depois, pesquisadores descobriram que a vitamina D é necessária para a fixação do cálcio nos ossos. E que a luz ultravioleta induz o organismo a fabricar a vitamina D.

Relógio de Pulso

O relógio de pulso não foi inventado especificamente para a Primeira Guerra Mundial, mas seu uso, especialmente por homens, se alastrou dramaticamente durante o conflito. E depois da guerra, o relógio de pulso havia se tornado o meio mais comum para se saber a hora.
No final do século 19 e início do século 20, homens que tinham posses usavam relógios de bolso. As mulheres foram as pioneiras na adoção do relógio de pulso: a rainha inglesa Elizabeth Primeira, por exemplo, tinha um relógio que podia ser atado ao seu braço.
Na guerra, no entanto, saber a hora era essencial. Por exemplo, para que ações militares pudessem ser sincronizadas. Por isso, fabricantes desenvolveram relógios que permitiam ao usuário ter as duas mãos livres durante as batalhas e ao pilotar aviões - ou seja, relógios de pulso.

Horário de Verão

Quando a Primeira Guerra Mundial começou, a ideia de adiantar os relógios na primavera e atrasá-los no outono não era nova. O americano Benjamin Franklin já havia sugerido a medida como forma de economizar energia em uma carta publicada por The Journal of Paris, em 1784.
Velas eram desperdiçadas nas noites de verão porque o sol se punha antes de as pessoas irem dormir, ele explicou. E a luz do Sol era desperdiçada no início do dia porque o Sol nascia enquanto as pessoas dormiam.
Propostas semelhantes foram feitas na Nova Zelândia, em 1895, e na Grã-Bretanha, em 1909 - sem sucesso.
Durante a Primeira Guerra, no entanto, implementar a mudança tornou-se uma questão de sobrevivência. Na Alemanha, devastada pela escassez de carvão, as autoridades decretaram que, às 23 horas do dia 30 de abril de 1916, os relógios deveriam ser adiantados em 1 hora, para meia-noite. Isso geraria uma hora extra de luz diária na manhã seguinte.
A medida foi rapidamente adotada por outros países. A Grã-Bretanha seguiu o exemplo três semanas mais tarde, em 21 de maio de 1916.
Em março de 1918, o Congresso americano estabaleceu vários fusos horários e oficializou horários para economia de luz diurna até o final da guerra.
Quando o conflito terminou, o esquema foi abandonado, mas a ideia tinha se alastrado e, mais tarde, voltou a ser adotada.

Salsichas Vegetarianas

BBC
As salsichas vegetarianas foram a alternativa à falta de carne
Ao contrário do que muitos imaginam, a salsicha de soja não foi inventada por um hippy que morava na Califórnia, Estados Unidos, na década de 1960. Ela é criação de Konrad Adenauer, um alemão que, anos mais tarde, tornou-se o primeiro chanceler da Alemanha pós Segunda Guerra.
Durante a Primeira Guerra, Adenauer foi prefeito da cidade alemã de Cologne. Sob bloqueio britânico, alimentos foram ficando escassos na cidade. Inventivo, Adenauer começou a pesquisar formas de substituir alimentos escassos, como a carne, por alimentos disponíveis.
No início, ele usou uma mistura de farinha de arroz, cevada e farinha de milho da Romênia para fazer pão - substituindo o tradicional trigo. O sistema estava funcionando, mas a Romêmia entrou na Guerra e o suprimento de farinha de milho foi interrompido.
Após seu experimento com pão, Adenauer decidiu procurar um novo tipo de salsicha: uma salsicha sem carne, outro alimento escasso no período. A salsicha de soja foi batizada de Friedenswurst, ou "salsicha da paz".

Zíper

Desde meados do século 19, muitos vinham usando combinações de colchetes, fivelas e fechos para encontrar uma forma simples e fácil de evitar o frio.
Getty Images
O zíper modernizou os uniformes militares
Mas foi Gideon Sundback, um sueco que migrou para os Estados Unidos, quem achou a solução perfeita. Chefe de design da Universal Fastener Company, ele criou o "fecho sem ganchos", que deslizava e prendia duas fileiras de dentes metálicos uma à outra.
Os militares americanos incorporaram o mecanismo em uniformes e botas, particularmente a Marinha. Depois da guerra, a novidade passou a ser utilizada pela população civil.

Chá em Saquinhos

O chá em saquinhos também não foi inventado para vencer obstáculos criados pela guerra. Em 1908, um mercador de chá americano passou a enviar o produto a seus clientes embalado em saquinhos. Por acidente ou não - assim diz a lenda - os compradores mergulharam os saquinhos na água.
Durante a guerra, uma companhia alemã, Teekanne, levou a ideia adiante e passou a fornecer chá em saquinhos de algodão para as tropas. Eles foram batizados de "bombas de chá".
Thinkstock
As tropas alemães batizaram os sachês de bombas de chá

Aço Inoxidável

Aço que não enferruja nem sofre corrosão chegou ao mundo cortesia de Harry Brearley, da cidade inglesa de Sheffield. Criado em 1913, o produto revolucionou a indústria metalúrgica e tornou-se um componente indispensável do mundo moderno.
Os militares britânicos estavam tentando encontrar um metal mais adequado para armas. O problema era que o calor e a fricção produzidos pela passagem das balas enferrujavam os canos das armas. Brearley, um metalúrgico de uma empresa de Sheffield, foi encarregado de procurar uma outra liga, mais resistente.
Ele experimentou adicionar cromo ao aço e, diz a lenda, jogou fora algumas das amostras que tinha testado, achando que não tinham dado certo.
O material ficou jogado num canto, até Brearley se dar conta de que as amostras não tinham enferrujado. Ele havia descoberto o segredo do aço inoxidável.
Durante a Primeira Guerra, o material foi usado em motores, mas tornou-se absolutamente indispensável na fabricação de facas, garfos, colheres e instrumentos hospitalares.

Comunicações entre Pilotos

Antes da Primeira Guerra Mundial, pilotos não tinham formas de conversar uns com os outros ou com pessoas em terra.
No início da guerra, exércitos usavam cabos para se comunicar, mas estes eram com frequência rompidos por tanques ou artilharia. Além disso, os alemães logo encontraram uma forma de interceptar comunicações entre os britânicos. Mensageiros, bandeiras, pombos, luzes e outros métodos também eram usados mas não eram adequados. Aviadores, por exemplo, usavam gestos e gritos.
A resposta foi o rádio sem fio.
A tecnologia já estava disponível, mas tinha de ser desenvolvida. E os britânicos se encarregaram disso durante a Primeira Guerra Mundial.
As primeiras tentativas de se instalar rádios para comunicações em aeronaves foram dificultadas pelo excesso de ruído produzido pelos motores.
No livro British Radio Valves: The Vintage Years - 1904-1925, o historiador britânico Keith Thrower explica que o problema foi aliviado com a criação de um capacete que tinha um microfone embutido e tampões de ouvido que bloqueavam o barulho.
Desta forma, abriu-se caminho para a decolagem da aviação civil após a guerra.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Porque a Primeira Guerra foi definidora do século XX?

Prezados/as,

Continuando o debate sobre a Primeira Guerra, trago essa entrevista de um cientista político alemão que coloca o porque a I grande Guerra foi importante para a história do século XX e também debate a questão da memória da guerra: porque na Alemanha é pouco lembrada em relação a Segunda Guerra e o oposto ocorre em países como França e Reino Unido?

o link original da entrevista: http://www.defesanet.com.br/ecos/noticia/14881/Cientista-politico-afirma-que-Primeira-Guerra-teve-carater-de-alerta/

Aqui, um link para uma reportagem do UOL sobre locais de memória da primeira guerra na Europa: http://viagem.uol.com.br/guia/franca/paris/roteiros/monumentos-homenageiam-soldados-nos-cem-anos-da-1-guerra-na-franca/index.htm#fotoNav=3

CIENTISTA POLÍTICO AFIRMA QUE PRIMEIRA GUERRA TEVE CARÁTER DE ALERTA

Em entrevista, Herfried Münkler, professor de Ciências Políticas da Universidade Humboldt de Berlim, reflete sobre a importância de se pensar hoje sobre a Primeira Guerra Mundial.

Autor do volume Der Grosse Krieg: Die Welt 1914 - 1918 (A Grande Guerra: O Mundo entre 1914 e 1918), o cientista político Herfried Münkler fala à Deutsche Welle sobre a memória da Primeira Guerra, o papel desempenhado pela Alemanha no contexto do conflito armado e as lições que a Guerra deixou.
Münkler é um dos mais importantes especialistas alemães que se dedicaram a uma análise profunda da Primeira Guerra Mundial e do significado do conflito para a história posterior da humanidade.
Deutsche Welle: Desde o início de 2014 a mídia tem lembrado a eclosão da Primeira Guerra Mundial, há 100 anos. A razão disso é realmente o centenário da Guerra ou estamos vivenciando uma nova forma de elaboração da história?
Herfried Münkler: Uma coisa não exclui a outra. Muitas vezes essas comemorações são uma oportunidade de se debruçar com calma e de maneira mais profunda sobre um tema. E isso mostra que a "Grande Guerra", como os britânicos, franceses e italianos chamam o conflito, deu o tom da violência que assolaria o século 20. É possível aprender muito estudando sobre a guerra, sobretudo sobre o que não se deve fazer. Penso que este tenha sido realmente um grande acontecimento, ao qual a Europa deve se deter para avaliar o que aconteceu de errado no século 20, e fazer melhor no século 21.
Na Alemanha, chamamos essa guerra que aconteceu entre 1914 e 1918 de "Primeira Guerra Mundial". Por que o título do seu livro é "A Grande Guerra"?

O conceito "Grande Guerra" tem, a princípio, algo estranho. E tem também um caráter de alerta, pelo menos para os ouvidos alemães. Pois foi a Guerra que, como guerra europeia, determinou o século 20. É possível dizer: sem esta guerra, não teria havido a Segunda Guerra Mundial, possivelmente também não teria havido o nazismo, nem o stalinismo, nem a tomada de poder bolchevique em Petrogrado [hoje São Petersburgo]. Ou seja, teria sido um século totalmente diferente. De forma que o termo "Grande Guerra" é adequado.
Se a Primeira Guerra Mundial teve esse efeito de alerta para todo o século 20 que se seguiu, por que ela é tão pouco presente na elaboração do passado alemão? Pelo menos muito menos que a Segunda Guerra Mundial.
É preciso diferenciar: nos países vizinhos da Europa Ocidental, como Itália, França e Reino Unido, a Primeira Guerra Mundial está muito presente como a Grande Guerra. Isso tem a ver com o fato de que as perdas humanas causadas por esta guerra foram maiores para estes países do que as da Segunda Guerra.
Na Alemanha isso é diferente, pois a Segunda Guerra Mundial estava atrelada a deslocamentos forçados, às destruições causadas pelos bombardeios, aos crimes praticados pelos alemães e à culpa alemã. Quanto mais você se locomove rumo ao Leste Europeu, mais presente é a Segunda Guerra Mundial na memória. É possível falar de um abismo entre Leste e Oeste na cultura da memória na Europa.
Um século depois da eclosão da Guerra, ressurge o debate sobre a culpa pelo conflito. O livro Os Sonâmbulos, do historiador australiano Christopher Clark, desencadeou esta discussão. Ele revida a tese, aceita há tempos, de que a culpa teria sido somente dos alemães, apontando como as grandes potências estavam inaptas a evitar a Guerra que começou nos Bálcãs. Qual é sua posição nesse debate sobre a culpa pela Guerra? Esse debate leva a algum lugar?

Não acho que o conceito de culpa seja útil neste contexto. Trata-se de um conceito moral ou talvez jurídico, formulado no artigo 231 do Tratado de Versalhes, segundo o qual toda a culpa é creditada à Alemanha. Mas esta é uma discussão que não precisamos levar adiante hoje em dia. Ou seja, faz mais sentido falar sobre a responsabilidade e voltar os olhos para as estimativas e decisões incorretas daquele momento. Isso é o que acredito ser útil hoje para aprender alguma coisa 100 anos depois da Guerra.
Qual foi o papel do Império Alemão naquela época na Europa Central?
A Alemanha não compreendeu seu papel peculiar de centro geopolítico. Não se pode dizer que não teria acontecido uma guerra aqui ou outra acolá no século 20, mas teria sido possível localizar essas guerras. O que os alemães fizeram foi reunir diversos caldeirões de conflito, ou seja, o conflito manifesto nos Bálcãs, com o conflito latente, mas de forma alguma agudo em torno da Alsácia-Lorena, e também o conflito em torno do controle do Mar do Norte. Isso foi uma burrice política óbvia.
O senhor diz que não se deve perder a periferia de vista. Devemos nos preocupar atualmente com o que acontece na Crimeia? Pode eclodir lá uma nova guerra mundial, 100 anos depois da Primeira?

Precisamos nos preocupar, mas não por causa da ameaça de uma guerra, mas pelas tensões políticas e pelas consequências das sanções econômicas. Mas principalmente porque fica claro aqui que o poder militar ainda é um fator determinante da política europeia – naturalmente apenas na periferia. O governo alemão não deixou o conflito acontecer, mas se envolveu em suas diversas etapas várias vezes como mediador – e isso não porque tenha relevância militar, mas apenas por causa de seu peso econômico e político.
No seu livro, o senhor aponta também a Ásia como região de conflito em potencial. O senhor chega a comparar a China de hoje com o Império Alemão da época.
Digno de nota é o fato de a China ser um país tão grande e tão forte, sobretudo economicamente, embora não se sinta reconhecida do ponto de vista político. Essa é uma situação que se assemelha em muitos aspectos ao Império Alemão de 1914. Pode-se dizer: muita coisa que deu errado na Europa de 1914 poderia também dar errado na China hoje. Ou seja, os políticos e estadistas chineses deveriam analisar detalhadamente a história que precedeu a Primeira Guerra Mundial e a Crise de Julho [desencadeada pelo atentado contra o casal herdeiro da coroa austríaca] a fim de não cometerem os mesmos erros de então.
Ressurgiu na Alemanha a discussão a respeito de uma participação mais intensa do país nas missões militares europeias. Como o senhor vê isso, tendo em vista nosso próprio passado? Fica bem para a Alemanha participar destas missões exatamente por causa do seu passado? Ou não?
Invertemos a pergunta: Fica bem para a Alemanha, tendo em vista seu passado, ficar de fora de tudo e, aos olhos dos vizinhos europeus, parecer covarde ou oportunista? Os outros puxam o carro em que os alemães seguem sentados e vão ficando cada vez mais gordos e se deliciando. Ou seja, acredito que esse papel especial, que tanto a Alemanha Ocidental quanto a extinta Alemanha Oriental desempenharam ,e com razão, precisa definitivamente acabar 25 anos depois da Queda do Muro de Berlim. Precisamos ser um povo, uma nação como as outras. Não precisamos nos destacar, mas não devemos fugir da raia quando somos requisitados.
Herfried Münkler é professor de Ciências Políticas na Universidade Humboldt de Berlim.?É autor de A Grande Guerra: O mundo entre 1914 e 1918. Editora Rowohlt, 2013.

Capa da edição brasileira da L&PM do livro "Nada de Novo no Front", escrito pelo ex-soldado alemão Erich Maria Remarque

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Surgimento da Internet

Há exatos 45 anos - 7 de abril de 1969 -  nascia esta tecnologia que hoje em dia está tão presente no nosso cotidiano: a internet. criada inicialmente como um meio de troca de informações sigilosas entre os militares norte-americanos (lembremos que estávamos na  Guerra Fria e qualquer informação que não podia cair em mãos inimigas: os americanos protegiam suas informações dos soviéticos e vice-versa).
Apple II  (1977) - os computadores domésticos
popularizaram a Internet.
No entanto, ao longo do tempo, este mecanismo que interligava vários equipamentos ao mesmo tempo por uma rede em comum foi se adaptando aos computadores domésticos, criados nos anos 70, e chegou aos lares do cidadão comum. Hoje em dia, a Internet está presente em celulares, notebooks, tablets, entre outras tecnologias.
Linha do tempo da internet: do surgimento até 1989