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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Ditadura Militar brasileira (1964-1985)

Mais uma apresentação falando dessa vez sobre os sombrios anos da ditadura no Brasil, passando pelas suas três fases: formação (64-68), institucionalização (68-74) e distensão (74-85).

 

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Muro de Berlim (1961-1989)

Prezados/as, aí vai os slides sobre o Muro de Berlim, comentado nas turmas 91 e 92. Curiosamente, há exatos 26 anos e um dia iniciava-se a derrubada do Muro.




terça-feira, 15 de setembro de 2015

Hiroshima e Nagasaki: 60 anos dos ataques nucleares

Mês passado - mais precisamente nos dias 6 e 9 de agosto - fez 60 anos dos ataques norte-americanos as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Ataques que marcaram o fim da Segunda Guerra Mundial e, para muitos historiadores, o início da rivalidade entre Estados Unidos e União Soviética. No texto abaixo, o historiador Sidney Munhoz - presente na Revista de História da Biblioteca Nacional -  debate os motivos do ataque, bem como o desenvolvimento do Projeto Manhattan. 

O pior dos fins
Bombardeios nucleares em Hiroshima e Nagasaki ainda geram vítimas e controvérsias. Necessidade ou crime de guerra?
Sidnei J. Munhoz

Era o dia 6 de agosto de 1945. O avião B-29, Enola Gay, comandado pelo coronel Paul Tibbets, sobrevoou Hiroshima a 9.448 metros de altitude e, quando os ponteiros do relógio indicaram 8h16, bombardeou-a com um artefato nuclear de urânio, com 3 m de comprimento e 71,1 centímetros de diâmetro e 4,4 toneladas de peso. A bomba, apelidada de Little Boy, foi detonada a 576 metros do solo. Um colossal cogumelo de fumaça envolveu a região. Corpos carbonizados jaziam por toda parte. Atônitos, sobreviventes vagavam pelos escombros à procura de comida, água e abrigo. Seus corpos estavam dilacerados, queimados, mutilados. Cerca de 40 minutos após a explosão, caiu uma chuva radioativa. Muitos se banharam e beberam dessa água. Seus destinos foram selados. 
Imagem do momento da explosão em Hiroshima


Três dias depois, um novo ataque nuclear aniquilava outra cidade do Japão, Nagasaki, desta vez com uma bomba de plutônio (Fat Man). Dias 6 e 9 de agosto de 1945. Estas datas entraram para a história como símbolos indeléveis da tragédia humana, e ainda hoje provocam disputas de interpretações: os ataques foram necessários para encerrar o conflito ou uma decisão política para intimidar a União Soviética?

Em agosto de 1939, Albert Einstein escreveu uma carta ao presidente Franklin D. Roosevelt. Exilado nos Estados Unidos, o renomado cientista alertava sobre a possibilidade de os alemães desenvolverem uma poderosa bomba a partir da fissão atômica do urânio. Preocupado, Roosevelt designou uma comissão para estudar o assunto. Em 1942 foi criado o “Projeto Manhattan”, comandado pelo general Leslie Groves e com equipe científica coordenada por Julius R. Oppenheimer. O programa funcionava sob segredo de Estado e disciplina militar. Iniciado com parcos recursos, logo se tornou prioridade, com investimentos de 2 bilhões de dólares e uma equipe de centenas de cientistas e cerca de 130 mil trabalhadores. 

A Segunda Guerra aproximava-se do final quando, em 16 de julho de 1945, o artefato nuclear foi testado com sucesso em Alamogordo, no Novo México, Estados Unidos. Após acompanhar a experiência, o secretário da Guerra, Henry Stimsom, voou para a Alemanha, onde acontecia a Conferência de Potsdam, e transmitiu a notícia ao presidente Harry Truman, que decidiu bombardear o Japão.

O uso da aviação tornara-se cada vez mais intenso durante a Segunda Guerra. Cidades como Londres, Dresden e Berlim foram devastadas por bombardeios. Ao vislumbrarem o final da batalha na Europa, os Estados Unidos focaram no Japão. Em meados de 1944, aviões B-29 – conhecidos como “fortalezas aéreas” e determinantes para mudar os rumos da guerra – passaram a fustigar as principais cidades daquele país. Em junho, os Estados Unidos conquistaram as ilhas Marianas, no Pacífico, onde construíram uma base aérea. Dali partiam os ataques.
A princípio, o objetivo era destruir a infraestrutura militar e industrial dos japoneses. No entanto, em 1945, iniciaram-se bombardeios noturnos contra grandes cidades. Na madrugada de 10 de março, mais de 2 mil toneladas de bombas incendiárias destruíram um quarto de Tóquio, mataram cerca de 85 mil civis e feriram 100 mil. Nos dias seguintes, Nagoya, Kobe e Osaka foram arrasadas. Em maio, Tóquio, Osaka e Nagoya novamente viraram alvos, além de Yokohama e Kawasaki. Em julho, os bombardeios espalharam-se para cidades médias e pequenas, reduzindo-as a escombros. Entre março e julho, os bombardeios mataram mais de 300 mil civis, feriram 1 milhão e desabrigaram de 8 a 10 milhões de pessoas. O desfecho trágico e definitivo viria com a decisão do bombardeio atômico. Inicialmente foram escolhidas como alvo, por ordem de prioridade, as cidades de Hiroshima, Kokura, Nagasaki e Niigata. O acaso de uma instabilidade climática poupou Kokura e condenou Nagasaki. 
 
Destroços de Nagasaki

Historiadores ortodoxos defendem que as bombas atômicas foram uma medida necessária para encerrar de vez o conflito com o Japão. Haveria evidências de que o país preparava uma forte defesa, uma batalha decisiva. O ataque nuclear, ao abreviar a guerra, teria poupado a vida de milhares de soldados estadunidenses e de civis japoneses, uma vez que um desembarque no Japão custaria de 500 mil a 1 milhão de vidas. Revisionistas, no entanto, afirmam que a decisão foi uma demonstração de força para chantagear os soviéticos, em função das tensões emergentes entre as duas potências. Os japoneses já teriam até mesmo acenado com uma rendição, mas para os Estados Unidos seria mais vantajoso terminar a guerra com o Japão antes da entrada da União Soviética, evitando a divisão de áreas de influência na região. Desta perspectiva, os bombardeios nucleares ao Japão são considerados como as primeiras declarações da Guerra Fria.

Há discrepâncias também sobre as fatalidades. Enquanto o “Projeto Manhattan” computa 66 mil mortos, o governo de Hiroshima contabiliza cerca de 130 mil mortes imediatas e mais 10 mil até novembro de 1945. Em Nagasaki, as estatísticas do “Projeto Manhattan” contam 39 mil mortes simultâneas ao bombardeamento, enquanto a cidade reconhece 73.884 mortes e 74.909 feridos. 

Pior do que a permanência das controvérsias são os efeitos que perduraram nas populações atingidas. Ao longo dos anos, a radioatividade continuou a ceifar e a degradar vidas por meio do câncer, da leucemia e da deformação genética. 


Sidnei J. Munhoz é professor da Universidade Estadual de Maringá e autor de “Os bombardeios nucleares a Hiroshima e Nagasaki”, In: SILVA, Francisco Carlos Teixeira da et alli. O Brasil e a Segunda Guerra Mundial (Multifoco, 2010).

Link do texto no site da Revista de História da Biblioteca Nacional: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/o-pior-dos-fins

Vinicius de Moraes fez um poema, depois musicado pelos Secos & Molhados, chamado Rosa de Hiroshima. Pode ser ouvida abaixo:

A ROSA DE HIROSHIMA
(Vinicius de Moraes/Secos e Molhados)

Pensem nas crianças mudas, telepáticas
Pensem nas meninas cegas, inexatas
Pensem nas mulheres, rotas alteradas
Pensem nas feridas como rosas cálidas
Mas, oh! não se esqueçam da rosa, da rosa
Da rosa de Hiroshima, a rosa hereditária
A rosa radioativa, estúpida inválida
A rosa com cirrose a antirosa atômica
Sem cor, sem perfume, sem rosa

Sem nada.


quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Documento histórico: Declaração dos direitos dos homens e dos cidadãos

No dia 26 de agosto de 1789 - ou seja, há exatos 226 anos - era aprovada na Assembleia Nacional Francesa, em meio ao processo da Revolução Francesa, a Declaração dos Direitos dos Homens e dos Cidadãos. Documento fundamental para compreender o pensamento dos revolucionários franceses pois colocava abaixo as ideias então vigentes em que as pessoas eram diferenciadas por distinções sociais e os governantes escolhidos por Deus. A Declaração deixava clara a ideia de Direito Natural: todo o homem nasce livre e igual, independente de sua posição social; é livre para se manifestar e ele tem o poder de escolha dos governantes e também de participar da política.É o povo - e não Rei - que representa a nação. A Declaração fundou as bases para uma sociedade mais igualitária e humanitária. 


Os 17 artigos da Declaração:

Art.1.º Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum.
Art. 2.º A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.
A declaração
Art. 3.º O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhum corpo, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.
Art. 4.º A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo: assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela lei.
Art. 5.º A lei proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.
Art. 6.º A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos.
Art. 7.º Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência.
Art. 8.º A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada.
Art. 9.º Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei.
Art. 10.º Ninguém pode ser molestado por suas opiniões , incluindo opiniões religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei.
Art. 11.º A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem; todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei.
Art. 12.º A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública; esta força é, pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada.
Art. 13.º Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades.
Art. 14.º Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição, a colecta, a cobrança e a duração.
Pintura Prise de la Bastille,de Jean-Pierre Houel. A queda da Bastilha
é visto como o marco inicial da Revolução Francesa.
Art. 15.º A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração.
Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.
Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e prévia indenização.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

União Soviética: período stalinista (1927-1953)

A construção do socialismo na União Soviética: Após a Guerra Civil, a Rússia voltou-se para a formação do socialismo no país, inicialmente com medidas moderadas, como NEP (Nova Política Econômica), lideradas por Vladimir Lenin. O NEP caracterizava-se por ser uma política mais liberal, sem tanta intervenção estatal nos assuntos econômicos. Para Lenin e muitos outros bolcheviques, significava um recuo estratégico para se chegar ao socialismo e, por consequência, ao comunismo.
Após a morte de Lenin e a ascensão de Josef Stálin ao poder na Rússia, em 1924, a construção do socialismo em um só país ganhou força e o novo líder soviético passou a investir fortemente na industrialização sob o comando estatal e do partido comunista, bem como na coletivização dos campos.
Stálin
Coletivização forçada dos campos: em 1930, a URSS iniciou a ocupação estatal dos campos, de forma forçada, o que gerou uma guerra entre o estado soviético e os pequenos e médios proprietários rurais. Partindo da ideia de “luta de classes”, Stálin enviou uma brigada operária para enfrentar os camponeses e forçá-los a ceder suas terras ao poder estatal. A intenção de Stálin era formar fazendas coletivas com as terras ocupadas, em que o estado seria o proprietário e os camponeses seriam trabalhadores assalariados públicos.
Alexei Stekhanov
Industrialização acelerada: Outro ponto relacionado ao período de Stálin e o alto investimento nas indústrias especialmente a indústria pesada e a de geração de energia. O trabalho dos operários nestas indústrias era extremamente sacrificante: deveriam produzir o máximo no menor tempo possível. Tal situação era exemplificada pelo operário Alexei Stekhanov, que chegava a extrair 100 toneladas de carvão em 6 horas, quando o normal era 8 toneladas neste mesmo período de tempo! Ou seja, o trabalho tinha de ser além do limite máximo humano. Apesar disso, os índices industriais soviéticos deram saltos durante os anos 30, superando potências como França, Inglaterra e Alemanha.

Como a URSS financiava tais investimentos? Ainda era a partir de trocas comerciais com as potências ocidentais, inclusive os EUA, o que só mudará depois de 1945, quando ambos os países introduziram a Guerra Fria e tornaram-se antagonistas.
Ainda que pesado e autoritário, o socialismo soviético conseguiu transformar um país atrasado e agrário em uma grande força industrial, o que estimulou o aumento de empregos e de oportunidades para uma população até então acostumada com a pobreza. Além disso, o governo de Stálin investiu fortemente em serviços assistenciais para o povo, principalmente em saúde, educação e distribuição de renda, políticas que ajudaram – e muito – na popularidade da imagem de Stálin como governante junto ao povo russo. O apoio popular do líder não era só devido a propaganda que o governo e o partido faziam perante a população, afinal, do que adiantaria propaganda se não houvesse ações do governo? As pessoas, obviamente, não eram ingênuas e sabiam que com aquele governo, obteriam ganhos sociais até então inimagináveis, em que pese a política autoritária do governo, retratada pelo episódio dos expurgos.
Stálin e a adulteração de fotos: retirada
de um inimigo na nova imagem.
O terror stalinista – os expurgos (1936-1938): Os expurgos foram medidas adotadas por Stálin com a intenção de impor seu poder no partido comunista e no estado, perseguindo e eliminando aqueles que tinha uma posição contrária ao seu governo ou que pretendiam retirar seu poder. Foi utilizado amplamente o recurso da tortura e da perseguição contra aqueles  que fossem vistos como “inimigos da revolução” ou “traidores”. Com tais medidas, eram comuns pessoas influentes tanto no Estado como no aparelho partidário abandonarem a oposição e apoiarem Stálin e suas ações. Ou seja, por convicção ou por medo dos expurgos – em geral, pagos com pena de trabalho compulsório nas Gulag , verdadeiros campos de concentração em regiões inóspitas, como a Sibéria – Stálin angariou aliados e fortaleceu seu poder cada vez mais.
Evidentemente, Stálin não pensou sozinho a política dos expurgos: o apoio partidário foi fundamental para a imposição da sua autoridade e a estrutura partidária serviu para auxiliar a administração na caça aos inimigos da revolução.

BIBLIOGRAFIA

FERREIRA, Jorge. O socialismo soviético. IN: REIS Fº, D.; FERREIRA, J; ZENHA, C. O Século XX: o tempo das crises. Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2005, pp. 79-109.


segunda-feira, 6 de julho de 2015

Os partidos políticos na história brasileira (1964-hoje)

Dando continuidade a proposta de conhecer os partidos políticos brasileiros - presente no post Os partidos políticos na história brasileira (1945-1964) - clique aqui - agora mostraremos os partidos surgidos durante a ditadura militar e aqueles que vieram após a mesma.

DITADURA MILITAR (1964-1979)

A ditadura iniciada com o golpe de abril de 1964 encerrou com os partidos surgidos após 1945 com o Ato Institucional N°2, de outubro de 1965. Com o ato, saíram, arbitrariamente, de cena PTB, PSD e UDN. O motivo para acabar foram os resultados das eleições para governadores de estado daquele mesmo ano em Minas Gerais e Guanabara, vencidas por petebistas, contrários aos militares.
No início de 1966, a ditadura instituiu o bipartidarismo: só poderiam existir dois partidos políticos, sendo um a favor e outro contra o governo. O modelo acabou levando ao surgimento da Arena e do MDB.

1- Aliança Renovadora Nacional (Arena) - Era o partido de apoio a ditadura. Aglutinou políticos que defenderam o golpe e que pertenciam a partidos como PSD, UDN e PL. De perfil conservador, caracterizou-se por ser o braço dos presidentes-ditadores no Congresso Nacional. Dentre os líderes destacados estavam José Sarney, Paulo Maluf, Ildo Meneghetti e Jarbas Passarinho.
2 - Movimento Democrático Brasileiro (MDB) - Foi o grupo que aglutinou as oposições a ditadura. Nela estavam membros do PTB, PCB, PSD e PSB que se opuseram ao golpe, mas que não acreditavam na luta armada como forma de resistência. Nos primeiros anos, ficou conhecido como "oposição consentida" por não tomar atitudes fortes contra o regime. A partir de 1968 isso mudou e o MDB passou a protagonizar a luta contra a ditadura no campo político, com o apoio de outras entidades sociais. Destacavam-se nas suas fileiras nomes como Ulysses Guimarães, Pedro Simon, Márcio Moreira Alves e Paulo Brossard.

FINAL DA DITADURA E REDEMOCRATIZAÇÃO (1979-...)

Ainda durante a ditadura o bipartidarismo foi extinto e o pluripartidarismo reposto em 1979. Com a perspectiva da abertura política e o retorno de exilados, pipocaram novos partidos. A ideia do governo era "dividir para reinar". Ou seja, as oposições iriam se fragmentar, enquanto o partido do governo ficaria coeso... A estratégia num primeiro momento deu certo: A Arena apenas mudou de nome: virou o PDS, enquanto o MDB - a partir de 1979, PMDB - viu surgir outros partidos contrários a ditadura, mas com propostas diferentes como o PT, o PDT, o PTB e o PC do B. Vejamos alguns desses partidos atualmente:

Michel Temer
1 - Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) - Herdeiro do antigo MDB, congregou os opositores moderados a ditadura. Governou o Brasil a partir de 1985 com José Sarney e desde então consolidou-se como o maior partido brasileiro. De perfil centrista e negociador, costuma ser o termômetro político: todo o governante precisa do PMDB para poder governar, se não o tiver, corre sérios riscos... Esteve em todos os governos brasileiros desde 1985. Líderes: Ulysses Guimarães, José Sarney, Renan Calheiros, Pedro Simon, Michel Temer e Eduardo Cunha.

Luis Inácio Lula da Silva em 1989
2- Partido dos Trabalhadores (PT) - Fundado em 1980, congregou em suas fileiras sindicalistas, ex-guerrilheiros e lideranças católicas de esquerda. Partido de esquerda, o PT caracterizou-se por ser o primeiro partido brasileiro de massas - ou seja, surgido na sociedade civil, e não em gabinetes políticos; a partir das pessoas comuns, e não de políticos profissionais. Foi forte oposição aos governos brasileiros até 2002, quando conseguiu chegar ao poder - conseguiu alterar o perfil social brasileiro, mais igualitário e com mais oportunidades para todos, mas também caiu em contradições como em casos de corrupção. Líderes: Lula, Dilma Rousseff, Olívio Dutra, Tarso Genro e Eduardo Suplicy.

3- Democratas (DEM) - Originário do PFL, antiga dissidência do PDS, herdeiro da Arena. Partido de centro-direita, liberal em termos econômicos - defendem a redução do Estado - e conservador em termos políticos e sociais- favoráveis a redução da maioridade penal. Governou junto com PSDB durante a era FHC. Líderes: Aureliano Chaves, Agripino Maia, Ronaldo Caiado e Onyx Lorenzoni.

4- Partido Progressista (PP) - Herdeiro direto da Arena e partido que alterou o nome diversas vezes: iniciou como PDS, passou para PPR, depois PPB e o atual PP. Partido conservador e que tem reduzido de tamanho ao longo do tempo, ao ponto de atualmente se dividir entre um grupo que está presente em um governo de esquerda e aqueles contrários a essa posição. Líderes: Paulo Maluf, Ana Amélia Lemos e Francisco Dornelles.

Leonel Brizola
5- Partido Democrático Trabalhista (PDT) - Fundado por Leonel Brizola após ele ter perdido a sigla PTB para Ivete Vargas. O PDT é o herdeiro do trabalhismo do PTB de Getúlio Vargas e João Goulart. Adotou como bandeira a defesa dos direitos trabalhistas e o acesso à educação. Nunca chegou ao poder nacional, embora Brizola tenha chegado perto em 1989. Além de Brizola, o PDT tem como líderes Carlos Lupi, Cristovam Buarque e Alceu Collares.

6 - Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) - Como dito anteriormente, o PTB pós-1979 não é aquele anterior ao golpe. De perfil mais conservador e fisiologista - alia-se a qualquer lado político que lhe favoreça - o PTB esteve no centro da crise do mensalão, em 2005. Líderes: Roberto Jefferson e Cristiane Brasil.

Outros partidos foram surgindo ao longo dos anos, destacando-se:

Aécio Neves
7- Partido Social-Democrata Brasileiro (PSDB) - O PSDB surgiu em 1988 como dissidência do PMDB. Destaca-se pela proposta social-democrata, também chamada de "terceira via", para além da direita e da esquerda. governaram o Brasil após Collor, com Itamar Franco e depois com os dois governos Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). É o maior partido de oposição atualmente e para diferenciar-se do PT tem tomado posições mais conservadoras, afastando-se da ideia da social-democracia. Lídres: FHC, José Serra, Aécio Neves.

Luciana Genro
8- Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) - Surgiu em 2005, como resultado de uma dissidência do PT, insatisfeita com os rumos do governo Lula. Caracteriza-se pela postura combativa em favor de propostas mais progressistas tanto na economia como no social. Defendem bandeiras históricas dos movimentos sociais como a Reforma Agrária e os Direitos Humanos. Líderes: Luciana Genro, Jean Willys, Chico Alencar e Ivan Valente.

Outros partidos importantes no cenário político atual brasileiro: Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido Comunista do Brasil (PC do B), Partido da República (PR), Partido Verde (PV), Partido Republicano Brasileiro (PRB), Partido Popular Socialista (PPS), Partido Social Democrático (PSD).

Atualmente, existem 32 partidos no Brasil e em torno de 20 partidos com processo aberto para se formarem.

Partidos brasileiros atuais


quinta-feira, 25 de junho de 2015

Quando Neandertais e Sapiens se encontraram

Reportagem interessante sobre a evidência mais clara de que Neandertais e Homo Sapiens conviveram juntos, algo que ainda não havia tanta certeza, agora se confirma!
Representação de um grupo Neandertal











Link original: http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/estudo-identifica-primeiro-cruzamento-de-humanos-modernos-com-neandertais-na-europa-16516055

Estudo identifica primeiro cruzamento de humanos modernos com neandertais na Europa

Análise de mandíbula de Homo sapiens de 40 mil anos mostra que ele era descendente próximo de neandertais

POR 

22/06/2015 12:00


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Sócrates: o filósofo que conversava

Dentre  as questões que o mundo ocidental herdou dos gregos está a filosofia. Pensar e refletir sobre as coisas,buscar a verdade pela observação, enfim, coisas que a ciência se utiliza até hoje surgiram com os antigos helênicos. A figura que consolidou essa imagem foi a de Sócrates. Dialogando com as pessoas, Sócrates questionava as certezas que os atenienses tinham sobre os seus valores e ideias.
Busto de Sócrates

Por tal ousadia, o filósofo acabou condenado a morte. Vejamos esse texto de Renato Janine Ribeiro, publicado na Zero Hora de 7 de fevereiro de 2015 para entender o filósofo que conversava.

Os filósofos corruptos
A cidade de Atenas não entendeu o que dizia Sócrates. Não conseguiu compreender que ele não pregava nada, apenas fazia pensar.
07/02/2015 | 16h06
Em dois mil e quinhentos anos de filosofia (pelo menos, no Ocidente), tivemos dois nomes condenados por corrupção. Um deles é uma glória da filosofia, talvez sua maior glória: Sócrates, que morreu em 399 antes de Cristo. O outro é um grande pensador, um dos inaugurais da modernidade, mas que respeitamos mais por sua contribuição à teoria do conhecimento e às ciências do que à ética ou às disciplinas que lidam com os valores: Francis Bacon, que faleceu em 1626.

Sócrates foi condenado à morte em Atenas – o único dos grandes filósofos a padecer essa pena – por corromper a juventude, ao ensiná-la a desacreditar dos deuses. Tudo nessa história é carregado de significação. O que chamamos de filosofia era novo, tinha um século ou dois. Tal foi a importância de Sócrates que damos aos que o precederam o nome de “pré-socráticos”. E Sócrates nada escreveu (uma pegadinha em vestibulares já foi: “que obras você leu de Sócrates?” e a pior resposta, “todas”). Foi filósofo porque foi professor. Em vez de ditar conteúdos, ia perguntando a seu interlocutor o que este pensava disso ou daquilo, e contestando as respostas, até que o próprio parceiro chegava a conclusões. Era tão democrático seu modo de ensinar que até escravos aprendiam com ele.

A cidade de Atenas não entendeu o que dizia Sócrates. Não conseguiu compreender que ele não pregava nada, apenas fazia pensar. Nem entendeu que duvidar, questionar, perguntar são as formas melhores de aprender. Preferiu, tosca e tolamente, afirmar que ele ensinava (um erro) os jovens a descrer dos deuses (outro erro), pretendendo desta forma acabar com a moral e a vida cívica (terceiro erro). Daí, a pena de morte. Daí, esse início perigoso e honroso para a filosofia.

Que não seguiu o caminho socrático. Todos os filósofos importantes que se seguiram escreveram obras. Poucos foram tão longe quanto ele no questionamento – talvez Descartes, com a dúvida metódica. Só que não: a dúvida cartesiana tende ao monólogo, enquanto o que Sócrates fazia era dialogar. Nenhum filósofo foi tão professor quanto ele. Ah que pena não ter assistido a seus diálogos (que ninguém diga “aulas”).
Obra A Academia de Platão

Mas fica aí a ideia de corrupção para os atenienses e os romanos: era a degradação das virtudes que mantinham o laço social. Corrupção é degradação. Um tecido social bem atado, que remontava aos deuses, se via esgarçado se as mulheres se emancipavam, se o luxo tomava conta da cidade, se a dominação patriarcal era contestada – e também, esta a parte da filosofia nisso tudo, se as verdades pregadas fossem postas em dúvida.


Talvez seja essa bendita corrupção socrática o cerne da filosofia. Um trabalho de formiga, que jamais faz apologia, só contesta. A ponto de soar insuportável. Por que problematizar o óbvio? Por que complicar as coisas? Mas a filosofia nunca pode ser elogio dos poderosos.

terça-feira, 26 de maio de 2015

O Brasil atual na canção "Proteção", da Plebe Rude

Capa do disco O Concreto Já Rachou
Presente no primeiro álbum da banda brasiliense Plebe Rude, O Concreto Já Rachou (1985), "Proteção" fala sobre o clima vivido durante Ditadura Militar, em que os protestos contra o governo eram violentamente reprimidos, sob a alegação de que estava protegendo a população. A canção apresenta  o discurso de proteção policial por parte das autoridades, mas que contrastam com a violência desta instituição contra aqueles que buscavam lutar contra o regime autoritário.
O curioso é a atualidade desta canção: se lembrarmos os protestos de 2013 e a recente repressão aos professores no Paraná podemos notar que o discurso de proteção segue presente, embora sirva apenas contra os que contestam as autoridades. Infelizmente, a prática não mudou, ainda que já estamos sob um regime democrático.
A pergunta da música segue atual: estão nos protegendo do quê? e podemos acrescentar: estão protegendo quem?



Sobre a Plebe Rude: http://pt.wikipedia.org/wiki/Plebe_R

      Letra: Proteção (Phillipe Seabra)

Será verdade,será que não
Nada do que eu posso falar
e tudo isso pra sua proteção
Nada do que eu posso falar
Repressão no Paraná

A PM na rua, a guarda nacional
Nosso medo sua arma, a coisa nao tá mal
A instituição está aí para a nossa proteção
Pra sua proteção

Tanques lá fora, exército de plantão
Apontados aqui pro interior
E tudo isso pra sua proteção
Pro governo poder se impor
A PM na rua nosso medo de viver
O consolo é que eles vão me proteger
A única pergunta é: me proteger do que?
Sou uma minoria mais pelo menos falo o que quero apesar repressão
...é para sua proteção...
...é para sua proteção...

Tropas de choque, PM's armados
Mantêm o povo no seu lugar
Mas logo é preso, ideologia marcada
Se alguém quiser se rebelar
Oposição reprimida, radicais calados

Toda angústia do povo é silenciada
Tudo pra manter a boa imagem do Estado!
Sou uma minoria mais pelo menos falo o que quero apesar da RAM!
...é para sua proteção...
...é para sua proteção...
Armas polidas e canos esquentam
esperando pra sua função

Exército brabo e o governa lamenta
que o povo aprendeu a dizer "Não"
Até quando o Brasil vai poder suportar?
Código Penal não deixa o povo rebelar

Autarquia baseada em armas - nào dá!
E tudo isso é para sua segurança.
para sua segurança.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Os escribas no Egito Antigo: Burocratas ou intelectuais?

Muito se tem estudado nos últimos anos sobre a vida cotidiana dos homens e das mulheres no Egito Antigo: camponeses, sacerdotes, faraós, escravos, entre outros personagens sociais da sociedade antiga egípcia tem sido alvos de estudos a partir dos vestígios encontrados por arqueólogos e historiadores.
Representação de um escriba
Uma das figuras mais polêmicas nestes estudos é a do escriba: É visto por alguns autores como um mero reprodutor das ordens dadas pelos poderosos faraós, um burocrata que segue ordens, tão somente. Outros veem nos escribas algo além: apesar de sua função principal ser de fiscal e de administrador dos recursos que chegam aos templos, o escriba também é um intelectual: uma vez que domina a escrita, encontram possibilidades de se afirmarem como um grupo social importante e que produz cultura para além do templo.
 Não há dúvidas quanto ao papel principal dos escribas nesta sociedade: autores como Jean Yoyotte colocam o Escriba como o funcionário principal do faraó: era ele que planejava e organizava as grandes obras, com os seus conhecimentos; coordenavam os ritos religiosos e administravam as terras públicas, conforme a citação a seguir de um escriba sobre este tipo de trabalho:

“Estou a executar, com extremo zelo e uma dureza de ferro, todas as tarefas que o meu senhor me confiou (...) A casa do meu senhor está bem, os seus servos estão bem, o gado e os bois estão bem; comem ferragem todos os dias e os pastores trazem erva para os alimentar.” (trecho retirado de ROCCATTI).

Esse relato demonstra que, de fato, o escriba tem responsabilidades com o Rei: é ele que está cuidando da terra e dos afazeres do campo.
Comparação entre a escrita hieroglífica egípcia e o alfabeto.
Entretanto, o escriba também tinham outras funções: faziam manuais de arquitetura, engenharia, entre outros, pois dominavam estes assuntos. Além disso, controlavam as “casas da vida”, que eram oficinas de livros existentes dentro dos templos, onde reproduziam obras religiosas importantes para o uso nos rituais como o Livro dos Mortos. E produziram literatura, como a Sátira dos ofícios: Nesta obra, o escriba Dua-Kheti dá instruções ao seu filho sobre qual profissão seguir:

“(…) Por outro lado, não há nenhum ofício melhor do que aquele do escriba: ninguém pode dar-lhe ordens porque ele é quem manda. Não há escriba pobre (…); portanto, agradece a teus pais que te encaminharam para os livros.”

Nota-se nesta obra que a orientação é que se siga a vida de escriba, com todas as suas vantagens. Em outros trechos, o autor desdenha de outras profissões, demonstrando “superioridade” da profissão de escriba. Nota-se, também, que o escriba não se coloca como um subalterno, afinal, ele dá “ordens”...

BIBLIOGRAFIA:
CARDOSO, Ciro. O Egito Antigo. Ed. Brasiliense, 1982
PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. Atual Editora: São Paulo, 1994.
ROCCATTI, Alessandro. O Escriba. IN: DONADONI, Sérgio (org.) . O Homem egípcio. Editorial Presença: Lisboa, 1994.
YOYOTTE, Jean. O Egito faraônico: sociedade, economia e cultura. IN: MOHKTAR, Gamal (Ed.). História Geral da África, Vol. II: A África Antiga. Brasília: UNESCO, 2010, 2º Ed.
OBS: A citação da Sátira dos Ofícios encontra-se em: José Miguel Serrano Delgado, Textos para la historia antigua de Egipto, Ed. Cátedra,1993.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Voto obrigatório: direito, obrigação ou dever?

Há tempos se discute no Brasil uma reforma política. Dentre os pontos mais falados está a questão da obrigatoriedade do voto. Como se sabe, no Brasil, o voto é obrigatório para homens e mulheres entre 18 e 70 anos e facultativo para jovens entre 16 e 18, maiores de 70 anos e analfabetos.
Barco da Justiça Eleitoral leva eleitores
as urnas na Amazônia
Para alguns, a obrigatoriedade do voto  restringe o direito do eleitor de decidir se quer mesmo ir ou não participar do jogo eleitoral. Seria uma obrigação imposta pelo Estado que retiraria uma liberdade do cidadão.
Para os defensores da manutenção do voto obrigatório, a ida a urna é mais que uma obrigação ou direito: é um dever. Assim como todo o cidadão brasileiro tem o dever de fazer o registro civil,  concluir o ensino fundamental e se alistar nas Forças Armadas, tem também o dever de votar, ou comparecer a urna, já que não é obrigado a escolher um candidato, pois tem a opção de abster-se a partir do voto em Branco ou anulação do voto.
Campanha favorável ao fim do voto
obrigatório.
Para quem é contra o voto obrigatório, a opção de ir as urnas possibilitaria uma maior "qualidade do voto", pois iriam aqueles que tem estudos e participação política. No entanto, esse argumento traz um olhar elitista, pois parte da ideia de que quem não tem estudo "não sabe votar". Alegam também que na maioria dos países o voto é facultativo. Para os favoráveis a manutenção da obrigatoriedade, o voto facultativo excluiria setores sociais como os mais pobres, que por vários motivos acabariam reduzindo sua participação nas eleições, lembrando que os políticos costumam levar em conta na sua atuação aqueles que o elegeram. Se os pobres não votam, porque se preocupar com eles?
Enfim, o debate é grande e deixo aqui o vídeo do cientista político Bruno Reis sobre o tema.
Participem também da enquete ao lado: você é a favor ou contra o fim do voto obrigatório no Brasil?

BIBLIOGRAFIA
ARAÚJO, Cícero. Voto Obrigatório. IN: AVRITZER, L. Reforma Política no Brasil, UFMG, 2006.
KERCHE, Fábio, FERES JR. João. Um nobre dever. IN: Revista de História da Biblioteca Nacional, outubro de 2014.
STADLER, Júlia. Às urnas, cidadão! IN: Revista de História da Biblioteca Nacional, outubro de 2014.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Os faraós egípcios: reis e deuses


Não é possível falarmos do Egito Antigo sem nos referirmos a figura principal em termos de poder nesta sociedade: O rei, ou, como passou a ser conhecido a partir do Antigo Império, o Faraó. Seja na religião, na política, na sociedade ou na economia, a figura do monarca está sempre presente na vida dos egípcios.
A religião no Egito caracteriza-se pelo seu politeísmo. Além disso, a concepção de vida dos egípcios era impregnada pelas práticas religiosas: A produção originada no Nilo era considerada um presente dos Deuses; os cultos eram feitos visando o bem-estar das divindades, fazendo-as agir pelo bem de todos os egípcios, etc. Na relação entre sociedade e Faraó não é diferente: o rei é visto também como o próprio Deus, cabendo a ele agir da forma que mantenha o povo vivendo bem, sem riscos de perdas na produção econômica ou de ameaças externas. O Rei é o Deus na terra e é sua origem divina que legitima seu poder. Entretanto, após a sua morte, não o Deus que morre: é apenas o homem, pois o seu sucessor herdará as “divindades” que o predecessor representava.
Representação do Faraó Akhenaton (ou Amenófis IV) e sua
família. Este farão reinou no século X a.C.
O poder faraônico é expresso de diversas formas: Quando obriga a população camponesa a trabalhar obrigatoriamente para o Estado, o que é chamado de trabalho compulsório. Quem ergueu as grandes pirâmides ou a esfinge, entre tantas obras “faraônicas”? – expressão, aliás, advinda da grandiosidade das obras construídas pelos senhores do Egito. Graças a esta mão de obra, que não reclamava de tal esforço: uma vez que entendiam aquele trabalho como uma ordem divina, simbolizada pelo Faraó. As artes também são formas de representação do poder político egípcio: nas pinturas é normal aparecer a figura do Rei maior do que dos outros egípcios, ou agredindo os estrangeiros que pudessem invadir o “mundo” egípcio.
A economia é quase totalmente controlada pelo Estado faraônico. Ou seja, praticamente toda a atividade econômica do Egito Antigo está nas mãos do Faraó e sob controle de seus funcionários: na agricultura, atividade por excelência da sociedade egípcia, metade da produção dos camponeses eram recolhidas para os templos. A historiografia consolidou o conceito de corvéia para esta prática. Logicamente quem fazia o “trabalho sujo” eram os funcionários do templo: a eles cabiam fazer o recolhimento da corvéia e há inúmeros testemunhos de que não faziam de forma muito amigável... Mas porque os camponeses deviam pagar a corvéia? Porque praticamente toda a terra pertencia ao Estado, e dessa forma, toda a produção de um camponês pertencia não a si próprio, mas ao Faraó e este tomava as decisões quanto ao destino desta riqueza.

Como vimos, é impossível olharmos a sociedade egípcia sem entendermos a figura do Faraó e o seu papel como monarca.
Processo de mumificação do Faraó

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