Em tempos de espionagem norte-americana, a notícia abaixo demonstra que esta prática não é nova e tampouco exclusiva a bisbilhotar chefes de governos ou empresas de outros países: os EUA vigiaram seus cidadãos que eram, ou que eles achavam que eram, contra as políticas do governo, especificamente, neste caso, contra a Guerra do Vietnã.
É interessante também por colocar a questão dos esportes e suas relações com os debates políticos e sociais de uma determinada época e lugar. O caso de Ali foi entre tantos outros que existiram - e ainda existem. Podemos citar o uso político que a ditadura-civil militar no Brasil fez da vitória da seleção na Copa de 1970, os boicotes nos Jogos Olímpicos de 1980, em Moscou(União Soviética) - os Estados Unidos se recusaram a participar - e em 1984, em Los Angeles (EUA) - os soviéticos deram o troco e não foram aos Jogos - tudo isso dentro do contexto da Guerra Fria... Em suma, este é um tema rico e que pode ser muito bem explorado no estudo da História.
Muhammad Ali era espionado nos EUA
por críticas à Guerra do Vietnã
Ex-campeão mundial de boxe fez parte de lista de suspeitos, ao lado de Martin Luther King, que tinham suas conversas telefônicas ouvidas pela NSA
Comente agora
O ex-boxeador Muhammad Ali fez parte de uma relação de pessoas que foram espionadas pela Agência de Segurança Nacional (NSA) por criticas à Guerra do Vietnã, revelam documentos divulgados na quarta-feira. Então campeão mundial dos pesos pesados, Ali foi preso após se recusar a servir ao Exército para lutar no Vietnã. Também perdeu o seu título, além de ter sido banido dos combates.
Além de Ali, o líder negro dos direitos civis Martin Luther King, senadores e jornalistas fizeram parte do programa 'Minarete', que durou de 1967 a 1973, monitorando conversas telefônicas de suspeitos. A existência do programa já era conhecida, mas só agora os nomes das 1.650 pessoas investigadas foram revelados.
O programa foi uma determinação do presidente Lyndon Johnson, preocupado com o crescimento da oposição doméstica à guerra. Os serviços de inteligência verificavam se os protestos eram estimulados por países estrangeiros. Dessa forma, a NSA elaborou, junto a outros organismos de inteligência, uma lista de críticos à guerra.
Segundo os pesquisadores Matthew Aid e William Burr, os abusos de espionagem durante a Guerra do Vietnã superaram amplamente os atuais excessos da NSA denunciados pelo ex-consultor da agência, Edward Snowden.