Abaixo o texto que temos trabalhado nas turmas 81 e 82, com relação ao suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e suas consequências políticas e sociais no Brasil durante o que a os historiadores hoje chamam de Experiência Democrática.
O texto é uma adaptação da historiadora Ângela Castro Gomes, citado na bibliografia, com alguns pitacos meus!
A
ÚLTIMA CARTADA DE VARGAS: O SUICÍDIO COMO MANUTENÇÃO DA DEMOCRACIA
O
Suicídio de Vargas, ocorrido em 24 de agosto de 1954, foi um acontecimento
trágico e único na História do Brasil. Sem o tiro dado contra o próprio
coração, a conspiração civil-militar que estava sendo armada contra ele
dificilmente seria evitada.
Comoção com a morte de Vargas |
Durante o segundo governo
Vargas (1950-1954), o presidente vinha sofrendo constantes ataques de seus
opositores. não só de adversários políticos, como os udenistas, mas também de
setores militares e da imprensa. Tudo só piorou quando assessores seus tentaram
calar o principal nome opositor, o deputado federal e jornalista Carlos Lacerda
(UDN-DF). O atentado na Rua Toneleros (Rio de Janeiro) feriu Lacerda e deixou
como mártir da oposição o Major Rubens Vaz, segurança do “Corvo”, que morrera
com um tiro. A partir de então, a pressão da oposição sobre Vargas crescera ao
ponto de exigirem a renúncia do presidente.
Foram nessas circunstâncias que Vargas se matou
num derradeiro golpe político que visava reverter uma situação que vinha
beneficiando os antigetulistas. Sua morte transformou o equilíbrio de forças
políticas da época, bloqueando o golpe que se armava e possibilitando a
manutenção da legalidade democrática, com eleições garantidas em 1955, em que se
sagrou vencedor Juscelino Kubitschek (PSD-MG).
Getúlio e seu chimarrão |
Eleito democraticamente em 1950, Vargas já havia
governado o Brasil por 15 anos, sendo os últimos oito anos (1937-1945) de forma
ditatorial. Os opositores surpreenderam-se com a vitória de Getúlio, e alegaram
que o “povo não sabia votar”. Todavia, a população tinha ainda em mente que
Vargas fora o governante que atendeu muitas reivindicações durante o seu
governo anterior tais como direitos trabalhistas e que soube construir,
principalmente no Estado Novo, a imagem do homem preocupado com a felicidade e
o sucesso do seu povo. O mesmo povo que, em agosto de 1954 saiu às ruas gritando, provocando incêndios e
quebra-quebras para demonstrar seu apreço ao presidente morto e assustar os
antigetulistas. Estes se recolheram por um bom tempo diante do “golpe de
mestre” do velho Getúlio.
Não
era só suicídio que marcava as pessoas, mas a história construída por Vargas
junto à população, em que o mesmo colocava-se sempre como sendo também parte do
povo, buscando sempre estabelecer uma relação de proximidade com os populares,
de confiança e respeito. Baixinho, meio barrigudo, sorrindo ou não, fumando
charutos ou tomando chimarrão, ele era o Gegê, presente em marchinhas de
carnaval e em outras manifestações populares.
Carlos Lacerda |
Manifestação de trabalhadores pró-Vargas |
Capa da Última Hora |
BIBLIOGRAFIA:
FERREIRA,
Jorge. “Crises da república: 1954, 1955, 1961”. IN: FERREIRA, J; DELGADO, L. O Brasil republicano: o tempo da experiência
democrática. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2003, p. 301-342
GOMES,
Ângela C. “A última cartada” IN: Revista Nossa História, nº 10, ago. 2004,
Biblioteca Nacional, p. 14-19.
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