Ditadura: que nunca mais ocorra |
Todo dia 1° farei uma postagem sobre o assunto e hoje vou retomar os dias que antecederam o golpe.
ANTESSALA DO GOLPE: FIM DO GOVERNO JANGO
O Brasil vivia sob um regime democrático até os fins de março de 1964. O presidente naquele momento era João Goulart, conhecido como Jango. Gaúcho de São Borja, herdeiro político de Getúlio Vargas, Jango governava o país desde 1961 e a sua posse, na época, fora contestada pela alta hierarquia militar que viam em sua figura um "comunista", alguém interessado em implantar uma ditadura apoiada pela URSS - lembremos que era época da Guerra Fria (clicar aqui), o mundo estava dividido entre capitalistas e comunistas.
No entanto, Jango estava longe de ser um simpatizante da União Soviética: era um grande proprietário de terras, mas que, de fato, na sua atuação política, demonstrava preocupação com as reivindicações sociais, especialmente a reforma agrária. Tentou-se mudar as leis sobre a distribuição de terras de forma negociada, mas que não fora aceita nem pela esquerda mais radical - como Leonel Brizola, ex-governador do RS e cunhado de Jango, que queria uma reforma mais forte, retirando terras sem indenizações aos latifundiários - menos ainda pela direita, que não queria abrir mão dos seus privilégios.
Imagens do Comício: estimativas falam em 150 mil pessoas. |
A resposta reacionária veio em 19 de março, com a "Marcha com Deus, plea família e liberdade contra o comunismo", em São Paulo, que reuniu pessoas contra as medidas reformistas de Jango.
Nos quartéis, crescia a reação contra Jango, principalmente entre os militares de alta patente, muito em função do apoio do presidente as reivindicações dos cabos e soldados, culminando com o discurso em favor dos subalternos militares em 30 de março.
Daquele momento em diante, os militares insatisfeitos com a postura de Jango e aliados aos conservadores civis (empresários, políticos de direita, grande imprensa), iniciaram o movimento que culminou com a queda de Jango, seu exílio e a entrada em cena de um regime pouco afeito - melhor, nada afeito - ao diálogo.
Marcha da Família: reação conservadora às reformas de base |
VÍDEO: Trecho do discurso de Jango no Comício da Central do Brasil (13/03/1964)
BIBLIOGRAFIA:
FERREIRA, Jorge. O Imaginário Trabalhista. Ed. Civilização Brasileira, 2005.
FERREIRA, JORGE; DELGADO, Lucilia. O Brasil Republicano: o tempo da experiência democrática. Ed. Civilização Brasileira, 2013
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