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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A sétima arte: breves considerações sobre o cinema

Pessoal,

Aproveitando a minha experiência como professor de Artes na turma 102, escrevi este texto sobre o cinema e suas origens. Futuramente, pretendo colocar no blog posts sobre filmes de temática histórica - ou outras, mas analisadas historicamente - para que vocês possam ter acesso e dicas sobre cinema e história!
Ah, no fim do post, estão os videos dos dois primeiros filmes exibidos comercialmente na história em 1895, do qual falo no texto. Para se ter uma noção de como o cinema surgiu e comparar com o que ele é hoje.

Origens do Cinema


Pôster de exibição dos filmes dos irmãos Lumière
Em 1895, quando dois irmãos franceses chamados Louis e Auguste Lumière projetaram os primeiros registros cinematográficos da história, as artes eram essencialmente estáticas, paradas: apesar da fotografia já ser naquela época uma febre, pela sua possibilidade de retratar um momento da realidade em um papel, ela não tinha movimento, não tinha vida. Hoje, ao vermos os filmes dos irmãos Lumière – A saída dos operários da fábrica e Chegada de um trem à estação – poderíamos dizer que se trata de filmes ruins, pois afinal não tem personagens, não tem roteiro, nem mesmo uma ideia básica: são apenas registros de homens saindo dos seus locais de trabalho e de um trem chegando a seu destino final. No entanto, para os fins do século XIX era, sem dúvida, uma revolução. Para as pessoas que estavam assistindo os filmes em um café de Paris era a primeira vez que se viam imagens em movimento produzidas, uma impressão da realidade (ver box abaixo). Aquelas imagens passando na tela davam a noção de que estavam vivenciando algo verdadeiro. Experiência que até então nenhum homem ou mulher havia sentido. É como se o trem do filme estivesse passando ali, mesmo todos sabendo que se tratava de uma projeção.

Essa ilusão de verdade, que se chama impressão de realidade, foi provavelmente a base do grande sucesso do cinema. O cinema dá a impressão de que é a própria vida que vemos na tela, brigas verdadeiras, amores verdadeiros. Mesmo quando se trata de algo que sabemos não ser verdade, como o Pica pau amarelo ou O mágico de Oz, ou um filme de ficção científica como 2001 ou Contatos imediatos do terceiro grau, a imagem cinematográfica permite-nos assistir a essas fantasias como se fossem verdadeiras; ela confere realidade a estas fantasias. (Bernardet, 1980)


Viagem à lua, de G.Mèlies (1902)
Coube a outro francês, Georges Mélies, transformar essa impressão em arte: é ele o primeiro a construir histórias para serem projetadas nas telas; a contratar uma equipe voltada para a construção de cenários, efeitos especiais, roteiros, etc. a trazer os atores para as cenas, enfim, foi o pioneiro na construção do cinema enquanto arte, entretenimento e estórias, ampliando a ideia de que o cinema é a arte em movimento, diferenciando-a das outras manifestações artísticas.

Cinema: a arte capitalista

O cinema era também a arte capitalista por excelência: o século XIX foi o período em que a burguesia aumentou consideravelmente seu poder, eliminando quase todos os resquícios dos sistemas econômicos e políticos anteriores (processo iniciado com a Revolução Francesa), valorizando ao máximo a ideia de progresso e civilização, na qual se incluía o desenvolvimento da tecnologia. O cinematógrafo - aparelho capaz de reproduzir em sequência uma série de fotografias, projetando-as em uma tela e dando a sensação de movimento as mesmas - foi uma dentre tantas máquinas surgidas naquela época e foi de extrema importância para a burguesia, que, através desta nova estética artística, conseguiu reproduzir sua cultura, seu modo de viver, seus pensamentos, bem como para abrir uma verdadeira indústria do entretenimento, gerando lucros e mais lucros aos envolvidos na produção cinematográfica, situação que vivemos até hoje.
O cinematógrafo
Não é a toa que os Estados Unidos tomaram conta da sétima arte: nos anos 10 do século XX o cinema chegou a este país e logo atraiu inúmeras pessoas. Aproveitando-se disso, surgiram os primeiros grandes estúdios, localizados em um bairro da cidade de Los Angeles chamado Hollywood, no Estado da Califórnia. Hollywood tornou-se o centro das grandes filmes, grandes atores e atrizes, diretores, etc. O cinema ganhou glamour e o modo americano de viver, o American Way of Life era exportado para o resto do mundo a partir das telonas. A única indústria que não sofreu perdas nos Estados Unidos após a crise de 1929 foi a indústria cinematográfica. São também os americanos que introduzem a fala ao cinema, inexistente até 1929 – mesmo  enfrentando resistências de seus próprios produtores, como Charlie Chaplin - e as cores, encerrando com a era preto-e-branco, dando mais realismo às imagens e abrindo leque de possibilidades em termos de criação de histórias. 
O famoso letreiro de Hollywood.
Os Anos 50 e 60 marcaram o domínio quase geral do cinema estadunidense no mundo, situação ainda presente hoje. Afinal, não costumamos ir ao cinema ver filmes indicados ao Oscar? Grandes sucessos de bilheteria? Em geral, estes são os filmes americanos, que gastam milhões e milhões de dólares para as suas produções. Para se que se tenha uma ideia: No Brasil,um dos maiores sucessos de bilheteria, Tropa de Elite, cheio de cenas de ação, que exigem gastos, além de locações e formação de cenários, custou em torno de 7 milhões de dólares. Um filme norte-americano com poucas exigências de gastos como A Rede Social (2010) teve gastos de 40 milhões de dólares! Já um filme com gastos consideráveis em efeitos especiais como Avatar (2009) fora orçado em quase 240 milhões. Interessante termos esta dimensão da sétima arte nos EUA. A força econômica americana muitas vezes monopoliza a indústria dos filmes, limitando a entrada de filmes de outros locais nos cinemas de outros países. Em geral, a maioria das produções presentes nos cinemas mundiais são oriundas dos Estados Unidos.
Pôster do filme Avatar

O cinema para além dos Estados Unidos

Todavia, nem sempre um filme caro é um filme bom: a tradição cinematográfica não é uma exclusividade americana e outros países produzem tanto quanto, embora com recursos mais limitados. No entanto, os filmes podem ser de qualidade, e muitas vezes as grandes produções americanas deixam a desejar em termos qualitativos... Países como França, Alemanha, Rússia, Inglaterra, Brasil, Argentina e Japão também apresentam filmes com qualidade em termos de história e produção. A Índia é um caso clássico de uma indústria forte com a sua Bollywood.

Os gêneros de filmes

A classificação em gêneros (...) tem a função de organizar estruturalmente o leque de ações dos personagens e o desenvolvimento do roteiro(...). Além disso, o gênero influencia na receptividade da obra, pois sugere ao espectador como filme deve ser visto, qual a dinâmica principal da fábula, o que deve e o que não deve acontecer com os personagens e as situações dramáticas (Napolitano, 2003, p.61).

GÊNERO
CARACTERÍSTICAS
SUBGÊNEROS DERIVADOS
Drama
Centrados em conflitos individuais, de ordem psicológica, sociais ou existenciais, pretendo provocar a emoção do espectador.
Drama Romântico, Drama existencial, Drama Psicológico, Drama de Guerra.
Comédia
Caracteriza-se pelas situações cômicas, com linguagem de duplo sentido e mal-entendidos que provocar risos do espectador.
Comédia de Costumes, Comédia paródica, Comédia Romântica.
Aventura
Procura mostrar cenas de ações, com conflitos físicos e com o “herói” e o “vilão”. Objetiva provocar reações físicas do assistente.
Western, Policial, Ficção Cientifica, Aventura de Guerra, Ação.
Suspense
História que procura trazer mistérios e provocar tensão e susto em que está assistindo.
Terror, Suspense psicológico.

 CASO QUEIRAM, RESPONDAM NOS COMENTÁRIOS:

Qual seu gênero preferido?

Quais os filmes que vocês mais gostaram?



BIBLIOGRAFIA:

BERNARDET, Jean-Claude. O que é Cinema?São Paulo, Ed. Brasiliense, 1980.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema em sala de aula. São Paulo, Ed. Contexto, 2003.



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