Aproveitando a minha experiência como professor de Artes na turma 102, escrevi este texto sobre o cinema e suas origens. Futuramente, pretendo colocar no blog posts sobre filmes de temática histórica - ou outras, mas analisadas historicamente - para que vocês possam ter acesso e dicas sobre cinema e história!
Ah, no fim do post, estão os videos dos dois primeiros filmes exibidos comercialmente na história em 1895, do qual falo no texto. Para se ter uma noção de como o cinema surgiu e comparar com o que ele é hoje.
Origens do Cinema
Pôster de exibição dos filmes dos irmãos Lumière |
Em 1895, quando
dois irmãos franceses chamados Louis e Auguste Lumière projetaram os primeiros
registros cinematográficos da história, as artes eram essencialmente estáticas,
paradas: apesar da fotografia já ser naquela época uma febre, pela sua
possibilidade de retratar um momento da realidade em um papel, ela não tinha
movimento, não tinha vida. Hoje, ao vermos os filmes dos irmãos Lumière – A saída dos operários da fábrica e Chegada de um trem à estação – poderíamos
dizer que se trata de filmes ruins, pois afinal não tem personagens, não tem
roteiro, nem mesmo uma ideia básica: são apenas registros de homens saindo dos
seus locais de trabalho e de um trem chegando a seu destino final. No entanto,
para os fins do século XIX era, sem dúvida, uma revolução. Para as pessoas que
estavam assistindo os filmes em um café de Paris era a primeira vez que se viam
imagens em movimento produzidas, uma impressão da realidade (ver box abaixo).
Aquelas imagens passando na tela davam a noção de que estavam vivenciando algo
verdadeiro. Experiência que até então nenhum homem ou mulher havia sentido. É
como se o trem do filme estivesse passando ali, mesmo todos sabendo que se
tratava de uma projeção.
Essa ilusão de verdade, que se chama impressão
de realidade, foi provavelmente a base do grande sucesso do cinema. O
cinema dá a impressão de que é a própria vida que vemos na tela, brigas
verdadeiras, amores verdadeiros. Mesmo quando se trata de algo que sabemos não
ser verdade, como o Pica pau amarelo ou O mágico de Oz, ou um
filme de ficção científica como 2001 ou Contatos imediatos do
terceiro grau, a imagem cinematográfica permite-nos assistir a essas
fantasias como se fossem verdadeiras; ela confere realidade a estas fantasias.
(Bernardet, 1980)
Viagem à lua, de G.Mèlies (1902) |
Coube a outro francês, Georges Mélies, transformar
essa impressão em arte: é ele o primeiro a construir histórias para serem
projetadas nas telas; a contratar uma equipe voltada para a construção de
cenários, efeitos especiais, roteiros, etc. a trazer os atores para as cenas,
enfim, foi o pioneiro na construção do cinema enquanto arte, entretenimento e
estórias, ampliando a ideia de que o cinema é a arte em movimento,
diferenciando-a das outras manifestações artísticas.
Cinema: a arte capitalista
O cinema era também a arte capitalista por
excelência: o século XIX foi o período em que a burguesia aumentou consideravelmente
seu poder, eliminando quase todos os resquícios dos sistemas econômicos e
políticos anteriores (processo iniciado com a Revolução Francesa), valorizando
ao máximo a ideia de progresso e civilização, na qual se incluía o
desenvolvimento da tecnologia. O cinematógrafo - aparelho capaz de reproduzir
em sequência uma série de fotografias, projetando-as em uma tela e dando a
sensação de movimento as mesmas - foi uma dentre tantas máquinas surgidas
naquela época e foi de extrema importância para a burguesia, que, através desta
nova estética artística, conseguiu reproduzir sua cultura, seu modo de viver, seus
pensamentos, bem como para abrir uma verdadeira indústria do entretenimento,
gerando lucros e mais lucros aos envolvidos na produção cinematográfica,
situação que vivemos até hoje.
O cinematógrafo |
Não é a toa que os Estados Unidos tomaram conta da
sétima arte: nos anos 10 do século XX o cinema chegou a este país e logo atraiu
inúmeras pessoas. Aproveitando-se disso, surgiram os primeiros grandes
estúdios, localizados em um bairro da cidade de Los Angeles chamado Hollywood,
no Estado da Califórnia. Hollywood tornou-se o centro das grandes filmes,
grandes atores e atrizes, diretores, etc. O cinema ganhou glamour e o modo
americano de viver, o American Way of
Life era exportado para o resto do mundo a partir das telonas. A única
indústria que não sofreu perdas nos Estados Unidos após a crise de 1929 foi a
indústria cinematográfica. São também os americanos que introduzem a fala ao
cinema, inexistente até 1929 – mesmo enfrentando resistências de seus próprios
produtores, como Charlie Chaplin - e as cores, encerrando com a era
preto-e-branco, dando mais realismo às imagens e abrindo leque de
possibilidades em termos de criação de histórias.
O famoso letreiro de Hollywood. |
Os Anos 50 e 60 marcaram o domínio quase geral do
cinema estadunidense no mundo, situação ainda presente hoje. Afinal, não
costumamos ir ao cinema ver filmes indicados ao Oscar? Grandes sucessos de
bilheteria? Em geral, estes são os filmes americanos, que gastam milhões e
milhões de dólares para as suas produções. Para se que se tenha uma ideia: No
Brasil,um dos maiores sucessos de bilheteria, Tropa de Elite, cheio de cenas de ação, que exigem gastos, além de
locações e formação de cenários, custou em torno de 7 milhões de dólares. Um
filme norte-americano com poucas exigências de gastos como A Rede Social (2010) teve gastos de 40 milhões de dólares! Já um
filme com gastos consideráveis em efeitos especiais como Avatar (2009) fora orçado em quase 240 milhões. Interessante termos
esta dimensão da sétima arte nos EUA. A força econômica americana muitas vezes
monopoliza a indústria dos filmes, limitando a entrada de filmes de outros
locais nos cinemas de outros países. Em geral, a maioria das produções
presentes nos cinemas mundiais são oriundas dos Estados Unidos.
Pôster do filme Avatar |
O cinema para além dos Estados Unidos
Todavia, nem sempre um filme caro é um filme bom: a
tradição cinematográfica não é uma exclusividade americana e outros países produzem
tanto quanto, embora com recursos mais limitados. No entanto, os filmes podem
ser de qualidade, e muitas vezes as grandes produções americanas deixam a
desejar em termos qualitativos... Países como França, Alemanha, Rússia,
Inglaterra, Brasil, Argentina e Japão também apresentam filmes com qualidade em
termos de história e produção. A Índia é um caso clássico de uma indústria
forte com a sua Bollywood.
Os gêneros de filmes
A
classificação em gêneros (...) tem a função de organizar estruturalmente o
leque de ações dos personagens e o desenvolvimento do roteiro(...). Além disso,
o gênero influencia na receptividade da obra, pois sugere ao espectador como
filme deve ser visto, qual a dinâmica principal da fábula, o que deve e o que
não deve acontecer com os personagens e as situações dramáticas (Napolitano,
2003, p.61).
GÊNERO
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CARACTERÍSTICAS
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SUBGÊNEROS DERIVADOS
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Drama
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Centrados em conflitos individuais, de ordem psicológica, sociais ou
existenciais, pretendo provocar a emoção do espectador.
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Drama Romântico, Drama existencial, Drama Psicológico, Drama de Guerra.
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Comédia
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Caracteriza-se pelas situações cômicas, com linguagem de duplo sentido
e mal-entendidos que provocar risos do espectador.
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Comédia de Costumes, Comédia paródica, Comédia Romântica.
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Aventura
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Procura mostrar cenas de ações, com conflitos físicos e com o “herói”
e o “vilão”. Objetiva provocar reações físicas do assistente.
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Western, Policial, Ficção Cientifica, Aventura de
Guerra, Ação.
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Suspense
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História que procura trazer mistérios e provocar tensão e susto em que
está assistindo.
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Terror, Suspense psicológico.
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CASO QUEIRAM, RESPONDAM NOS COMENTÁRIOS:
Qual seu gênero preferido?
Quais os filmes que vocês mais gostaram?
BIBLIOGRAFIA:
BERNARDET, Jean-Claude. O que é
Cinema?São Paulo, Ed. Brasiliense, 1980.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o
cinema em sala de aula. São Paulo, Ed. Contexto, 2003.
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