Surgido na Itália entre os anos 10 e 20, o fascismo - ou os fascismos - caracterizou-se por ser um movimento altamente radical, ultranacionalista e que apresentava como plataforma a construção de uma sociedade homogênea, ou seja, em que todos os cidadãos teriam que adotar integralmente e apoiar a ideologia deste grupo político. Enfim, uma sociedade hierarquizada e subordinada a um líder e a um partido de orientação fascista.
Cartaz de O Grande Ditador |
A partir da Itália, o fascismo espalhou-se para outros lugares e aproveitou-se com bastante facilidade da crise que os regimes democráticos no mundo vinham enfrentando após a I Guerra Mundial (1914-1918), especialmente nos países que saíram enfraquecidos do conflito: não é por acaso que a Itália foi a precursora destes movimentos com Benito Mussolini (1889-1945), que tornou-se primeiro-ministro do país a partir de 1922. Na Alemanha, um ex-combatente da grande guerra, Adolf Hitler (1889-1945), apropriou-se do clima de humilhação e revolta dos alemães e fundou o Partido Nacional-Socialista da Alemanha, ou o partido nazista, e chegou ao poder no ano de 1933.
O apoio da população veio em massa: mas porque ele ocorrera? muitos historiadores alegam questões como a capacidade de discursar de Hitler, que teria feito os alemães aceitarem suas ideias apenas pelo dom de sua fala... Todavia, a questão é muito mais complexa: como já dito, a Alemanha havia sido arrasada na I Guerra e humilhada por franceses e ingleses com o Tratado de Versalhes, ambiente propício para que uma nova ideologia pudesse prosperar. Não bastasse isso, o governo alemão reprimiu com força as tentativas socialistas de chegada ao poder político, por temer que o modelo soviético-comunista adentrasse no território alemão. Com uma democracia em descrédito e os socialistas enfraquecidos, o caminho ficou aberto para a ascensão nazista. Os nazistas exploraram muito bem um preconceito já tradicional entre os alemães: o antissemitismo, o ódio aos judeus. Ao transformá-los nos grandes culpados pela crise alemã, os nazistas trouxeram parcelas consideráveis da população alemã para o seu lado. A crise da democracia liberal alemã também fora utilizada pelos nazistas na conquista de adeptos, ao alegarem que aquele sistema político não estava conseguindo recuperar o país e que "permitia" a humilhação ao povo alemão, segundo os seguidores de Hitler, um povo "de raça ariana, superior a todas as outras". Em outras palavras, logicamente que o poder oratório de Hitler ajudou, mas o contexto da época explica melhor porque muitos alemães aderiram ao projeto nazista...
encontro de ditadores: Mussolini (esq.) e Hitler (dir.) |
É importante ressaltar que o fascismo não fora uma exclusividade alemã e italiana, nem ocorreu apenas nos anos entre-guerras e durante a Segunda Guerra Mundial (1919-1945): Outras regiões e países, se não foram regimes fascistas, viram nesta época surgir movimentos de orientação extremista á direita. No Brasil, a Associação Integralista Brasileira (AIB) era o protótipo do fascismo brasileiro: ultranacionalista e radical, com pretensões de chegar ao poder. Nos dias de hoje, movimentos neonazistas estão espalhados no mundo ou mesmo organizações políticas ultranacionalistas como a Frente Nacional Francesa, de Jean-Marie Le Pen (1928-) (clique aqui) e o Aurora Dourado, da Grécia (e aqui), que se aproveitam da atual crise europeia para prosperar ideias de ódio aos imigrantes e de valorização extrema de símbolos nacionais. Mesmo próximos de nós, infelizmente, vemos casos de intolerância herdadas do fascismo (e mais aqui)
Enfim, os fascismos foram vários e cada um tem suas especificidades seja onde ocorreram ou seja quando ocorreram.
Cabe a nós estarmos atentos e evitarmos ao máximo o preconceito e a intolerância e buscarmos resolver qualquer problema, de ordem política, social, cultural ou econômica a partir do diálogo e da democracia!
Nazismo deve ser sempre repudiado! |
Abaixo, dicas de filmes sobre o assunto:
- O Grande Ditador (The Great Dictator, 1940, EUA, Charlie Chaplin) - Primeiro filme falado de Chaplin. Nele, um dos grandes gênios do cinema debocha de Hitler e das ideias nazi-fascistas. Ao fim do longa, Chaplin faz um discurso clássico em defesa da democracia e contra aqueles regimes totalitários.
- A queda: as últimas horas de Hitler (Der Untergang, ALE/ITÁ/ÁUT, 2004, Oliver Hirschbiegel) - Este filme narra os últimos momentos de Hitler antes da queda definitiva de Berlim na II Guerra Mundial. Causou polêmica na Alemanha, em que fora acusado de "humanizar" o ditador nazista, além de mexer com antigas feridas germânicas quanto ao regime nazista.
- A outra história americana (American history X, EUA, 1998, Tony Kaye) - Este conta a história de um jovem neonazista americano que muda sua forma de pensar após uma estadia na prisão por ter assassinado um negro.
Cena final de O Grande ditador:
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